Um grupo de astrônomos entende que a atração gravitacional da Terra pode mexer com a superfície do asteroide Apophis, que vive próximo a nosso planeta e tende a se a aproximar de nós em 2029.
Atualmente, o asteroide se encontra a 1,97 unidades astronômicas de nosso planeta (cerca de duas vezes mais longe da Terra do que ela está do Sol). Em abril de 2029, contudo, isso vai mudar, pois o Apophis passará bem perto de nós.
Em estudo, disponível atualmente no servidor de pré-impressão arXiv, e que estará disponível em breve na The Planetary Science Journal, pesquisadores entendem que essa aproximação do asteroide fará com que o corpo celeste sofra com deslizamentos de terra e terremotos.
No artigo, os astrônomos indicam que “o encontro de 2029 induzirá eventos sísmicos discretos de curto prazo, impulsionados por marés, que levarão a acelerações de superfície de alta frequência e que atingirão magnitudes semelhantes à gravidade do Apophis, que poderão ser detectáveis por sismômetros modernos”.
Atenção à passagem do Apophis junto à Terra!
- O asteroide tem 335 m de largura;
- Curiosamente, o Apophis estará mais próximo de nosso planeta em uma sexta-feira 13 (13 de abril de 2029);
- Quando dizemos que ele estará mais perto de nós, significa dizer que ele estará a 38.625 quilômetros da superfície de nosso planeta (cerca de dez vezes mais próximo do que a distância usual da Lua em sua órbita);
- Essa proximidade faz com que o campo gravitacional da Terra tenha grande influência sobre o corpo celeste, uma vez que o Apophis é muito menor que a Lua;
- Como deixa claro o Gizmodo, tal força é a mesma que provoca estresse e fissuras em luas, como Miranda, de Urano;
- Essa questão é útil para nós, pois levanta questões sobre a segurança e estabilidade de nossa Lua, já que, em breve, a missão Artemis 3, da NASA, pousará astronautas lá.
Os pesquisadores também descobriram que “haverá mudança significativa no estado de rotação de Apophis, o que pode levar a mudança na superfície a longo prazo em resposta às alterações na inclinação da superfície induzidas pela atualização”. Eles afirmam, ainda, que tal mecanismo pode modificar superfícies de outros asteroides similares.
Dessa forma, os cientistas têm condições de aprender bastante com o interior dos asteroides, que podem revelar tanto suas origens, como a história de nosso Sistema Solar e, quem sabe, do Universo como um todo.
Um bom exemplo disso é que moléculas orgânicas presentes nesses corpos celestes poderiam sugerir fontes de blocos de construções de vida, bem como os metais incrustados na rocha espacial poderiam sugerir quais foram as interações cósmicas extremas que provocaram sua formação.
O interior dos asteroides tem condições de oferecer camadas e mais camadas de informações antigas de seu conteúdo, bem como de qual maneira ela interage com seus arredores, além de explicar como alguns objetos aceleram a velocidades de espaçonaves (como o curioso e um tanto desconhecido objeto espacial ‘Oumuamua).
Da mesma forma que o ‘Oumuamua, é esperado que o Apophis passe pela Terra, contudo, a probabilidade de sermos ameaçados pelo asteroide quando ele passar por aqui é remota. São vários fatores que deveriam contribuir para ele mudar sua rota e viesse de encontro a nosso planeta.
Além disso, objetos espaciais com o tamanho do Apophis atingem a Terra uma vez a cada 80 mil anos ou mais. Contudo, eles podem causar graves danos em seu entorno e grandes mudanças no clima da região. Em 2021, a NASA concluiu que a trajetória do asteroide não representa ameaça a nosso planeta. Portanto, por pelo menos um século, estamos protegidos.
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Missões rumo a Apophis?
No início de 2024, algumas empresas espaciais, como a Blue Origin, de Jeff Bezos, propuseram realizar missões visando capitalizar o contato de Apophis com nosso planeta. Contudo, já há uma missão da NASA rumo ao asteroide; trata-se da OSIRIS-APEX, que vai tentar entender melhor como a rocha espacial pode ser modificada após seu futuro encontro conosco.
Caso ele atingisse a Terra (lembre-se: isso não vai acontecer em 2029), sua pegada caberia perfeitamente no Battery Park, de Manhattan (EUA) (entenda isso no vídeo abaixo).
O último asteroide que atingiu a Terra com relevância foi um que surgiu como uma bola de fogo no céu de Chelyabinsk (Rússia), em 2013. Ele tinha o tamanho de um pequeno prédio e explodiu sobre a cidade.
A explosão liberou energia equivalente a cerca de 500 quilotons de TNT. E não foi só um grande clarão que os russos viram; houve, ainda, uma grande onda de choque. Esse asteroide media apenas 20 m de diâmetro, o que dá cerca de 17 vezes menos o tamanho do Apophis (veja o evento a seguir).
Mesmo tendo tamanhos distintos, a comparação mostra como asteroides próximos à Terra podem causar, no mínimo, um belo estrago, de modo que agências espaciais, como NASA e Agência Espacial Europeia (ESA), os estudam e observam tão detalhadamente. Contudo, pelo menos desta vez, é a Terra que causará mais estragos em Apophis do que o contrário.